Seguidores
15 de março de 2017
"Não quero mais ter vontade de desistir. Não quero mais brigar com a vida, não quero entender nada. Vou nos lugares, vejo a opinião de todo mundo, coisas que acho deprê, outras que quero somar, mas quero as deixar pra lá. Deixar tudo lá. Não mexer em nada. É o que quero. Quero me negar a brigar. Passei uma vida sendo a irritadinha, a que queria tudo do seu jeito. “Amor só é amor se for assim.” “Comer tem que ser assim.” “Dirigir, trabalhar, dormir, respirar.” E eu seguia brigando. Querendo o mundo do meu jeito. Na minha hora. Querendo consertar a fome do mundo e o restaurante brega. Agora, não quero querer mais nada. De verdade. Não quero ver o que é feio e o que é bonito. Não quero ligar se a faca tirar uma lasca do meu dedo na hora de cortar a maça. Não quero ligar pra dor. Pro sangue. Pro desfecho do filme. Se o trânsito parou, não quero me irritar. Se o brinco foi pelo ralo, foda-se! Deixa assim. A vida é assim. Não quero brigar mais. Não quero arrumar, tentar, me vingar, não quero segunda chance, não quero ganhar, não quero vencer, não quero a última palavra, a explicação, a mudança, a luta, o jeito. Eu quero não sentir. Quero ver a vida em volta, sem sentir nada. Quero ter uma emoção paralítica. Só rir de leve e superficialmente. Do que tiver muita graça. E talvez escorrer uma lágrima para o que for insuportável. Nada pessoal. Algo tipo fantoche, alguém que enfie a mão por dentro de mim, vez ou outra, e me cause um movimento qualquer. Quero não sentir mais bosta nenhuma. Só não sou uma suicida em potencial porque ser fria me causa alguma curiosidade. O mundo me viu descabelar, agora vai me ver dormir. Eu quis tanto ser feliz. Tanto. Chegava a ser arrogante. Tanta coisa dentro do peito. Tanta vida. Tanta coisa que só afugenta a tudo e a todos. Ninguém dá conta do saco sem fundo de quem devora o mundo e ainda assim não basta. Ninguém dá conta e quer saber? Nem eu. Chega. Não quero mais ser feliz. Nem infeliz. Nem nada. Eu quis muito mandar na vida. Agora, nem chego a ser mandada por ela. Eu simplesmente me recuso a repassar a história, seja ela qual for, pela milésima vez. Deixa a vida ser como é. Desde que eu continue dormindo. Ser invisível, meu grande pavor, tem que ganhar finalmente uma grande desimportância. Quase um alívio. I don’t care."
Adaptado do texto de Tati Bernardi.
Marcadores:Sentimentos
Assinar:
Postar comentários
(Atom)
Pesquisar sobre
Sobre Mim
- Nih Ferreirat
- Aos 34 anos, sagitariana com ascendente em capricórnio (discordo, mas fazer o quê?!), do Rio de Janeiro (com louca vontade de morar num lugar tranquilo), estudante de psicologia (mas cheia de problemas de cabeça. rsrrsrsrs), mãe e pai da pequena Bia, de 5 anos. E esse blog fala da nossa trajetória, dos meus sentimentos, minhas muitas lamentações, etc.
Tecnologia do Blogger.
Vc descreveu coisas simples que as vezes damos muita importância.
ResponderExcluirGastamos nosso tempo atoa.
Não se importar faz muito bem!!
http://minhaformadeexpressao.blogspot.com.br/